Enfim,
Milhares
de sutilezas aconteceram nesse ano que passou, pequenas coisas que me fizeram aproximar
de algo concreto por meio de abstrações e conexões mentais, e as coisas se
tornaram mais palpáveis e reais. Mas ao mesmo tempo meu conceito de realidade
mudou, muito, e eu me distanciei perigosamente das coisas que me levavam à
momentos de conexão aurática ou qualquer merda do tipo. Dentro desse cenário,
passei a ignorar as sutilezas que te fazem inteligível além da ideia específica
que você tenta passar, e isso me prejudicou de muitas formas. Parece que perdi
um pouco da minha capacidade de me conectar com as pessoas em um nível mais
profundo, e no inicio eu tentei racionalizar essa dificuldade derivando sua
existência à preguiça (não é tão difícil prever como uma mensagem será absorvida,
interpretada e respondida, tornando as coisas meio previsíveis e entediantes.),
mas é mais do que isso. Sinto que entendo perfeitamente todas as dinâmicas comunicacionais
que me cercam, mas essa facilidade em entendê-las não se repete quando eu
preciso comunicar. Sei milhões de palavras, em mais de uma língua, mas mesmo
com todas essas possibilidades de combinações fonéticas raramente consigo me
expressar além do jeito superficial que precisamos para meio-que-existir dentro
dessa esquizofrenia que leva o nome de sociedade. O problema é ir além disso,
além do bom-dia-como-vai e do eai-como-foi-seu-fim-de-semana. Não tenho uma conversa
significativa a meses, e quando estou com meus amigos me sinto estranho e fora
de lugar, e não consigo achar palavras ou expressões faciais que me façam inteligível
pra quem me cerca, so i just drift off. Me distancio e fico entorpecido dentro
da minha própria cabeça, que fica dividida entre acompanhar o mundo externo e
fazer parte dele de alguma maneira, qualquer que seja. Os sinais se confundem e
eu fico estranho, não respondo e só olho pro nada esperando que alguém venha
falar comigo trazendo uma luz que desembarace toda essa rede de conexões
bizarras – mas isso raramente acontece e chega uma hora que eu só quero ficar
sozinho, e consigo. Ando me sentindo extremamente sozinho, de um jeito
diferente do que me sentia na adolescência – não tenho o complexo de
incompreendido; o problema é se fazer entender. Não me sinto muito confortável além
da minha solidão nem um pouco poética (por sinal me parece que as coisas
perderam terrivelmente sua função poética – mas isso é inteiramente minha
culpa.), e isso transparece de um jeito estranho. A questão é que eu sinto
falta de conversar com alguém, quer dizer, realmente conversar com alguém,
daquele jeito impensado e espontâneo que causa epifanias a todo segundo, e te
deixa feliz por poder compartilhar um momento no tempo e na existência. Parece
que as coisas se tornaram complexas por serem tão simples, e as drogas foram
delegadas a responsabilidade de criar essa conexão espaço-temporal entre duas
ou mais mentes. Não gosto disso... nesse ambiente as coisas até podem
parecer, mas não são reais. Quer dizer; podem ser, sim, e já foram mais de uma
vez, mas ultimamente lhe foi atribuída essa função especifica e isso não me agrada.
Não
sinto que tenho muito em comum comigo mesmo, então fica difícil ter algo em
comum com outra pessoa – mas sempre foi assim e as relações verdadeiras se
criam quando algo se encaixa dentro dessa massa estranha de incompreensões.
Sei lá. Em algum lugar desses processos recentes minha capacidade de me comunicar
acabou saindo de cena – talvez porque eu tenha parado de escrever e começado a
viver em um mundo de conceitos sem nome, que dentro da minha cabeça fazem total
sentido e transitam livremente, mas que para saírem dela precisam de alguma
designação concreta.
Enfim,
Vou consertar
isso.
ah, feliz ano novo!
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