15 de jun. de 2010

não tanto

Há tempos não me pegava sentindo esse misto de nostalgia e apreciação pelo o que já senti em pausas dramáticas de vivência. Lendo sobre as meninices de um amigo velho, que, como eu, não sabe direito como ficar velho, me pus a escrever para ver se consigo manter esse sentimento planando ao meu redor por mais algum tempo.
E eu poderia (e se tivesse um pingo de amor pela facilidade, o faria) simplesmente descrever o que fazíamos naquelas tardes, mas éramos só garotos que faziam o que todos os outros garotos faziam. E não pense que eu pretendo mostrar como éramos diferentes ao falar sobre o outro lado daquelas tardes. Como eu disse, só quero manter esse sentimento planando ao meu redor mais um pouquinho, porque um pouco de melancolia nostálgica nunca machucou ninguém.
Éramos quatro, (ou cinco? Não lembro. Só sei que às vezes éramos três.) e mesmo no ápice do verão, não tirávamos nossos casacos e fazíamos o possível para não tirarem nossos gorros. E não sei por que falei das tardes, porque não era só à tarde. Aos onze anos, a noite já nos seduzia, e a manhã servia de desculpa para nos unirmos publicamente em segredo. As tardes eram só tardes.
Mas o que me fascina e me deixa nostálgico não é a falta de preocupações, porque eu confesso que as tinha em número muito maior do que tenho hoje. Eu não achava aquele momento mágico nem nada, na verdade eu achava tudo uma merda. Éramos quatro garotos e garotas que se esforçavam ao máximo para serem estranhos, culpando tudo e todos por seus corações juvenis partidos, entre si, pela primeira vez. Já com essa idade, sabíamos que não havíamos nascido para ficarmos sóbrios. Luzes piscantes, música alta e açúcar, era só até onde conseguíamos chegar. Depois vieram as tentativas de queimar folhas diversas, então a cerveja e a erva. Mas isso foi só depois. Aprendemos, desde cedo, a arte da manipulação através de sentimentos forçados, ou talvez nem tão forçados assim. Nós não queríamos ser parte de nada, e, através disso, nos sentíamos parte de algo muito maior. Mas isso não melhorava nada. Continuávamos achando tudo uma merda.
Não sei como nem quando essa sensação passou, mas me pareceu ser exatamente quando ela atingiu o resto das pessoas. Não sei se crescemos rápido demais, acho que não. Na verdade sinto que só trocamos a ordem das coisas.
Porque, hoje em dia eu quero mais é brincar.

10 de jun. de 2010

handlebars

É que o tempo se renova, e novo nem sempre empolga
Ou empolga demais, eleva tudo o que ainda não foi
Fazendo com que assim, quando de fato é
Não pareça ser.
Deixando uma esperança eterna no ar
Que leva à falta de ar
Que para de ser o que se respira.

E a repulsão à monotonia que o tempo sustenta faz com que ansiedade tome o posto de ar
Torna tudo empolgante mesmo quando não parece, ou deve, ser
Mas por enquanto
E só por enquanto
Não sou, mas estou
Muito, muito mais do que sou.
O que é o mesmo que dizer
Que a elevação ansiosa finalmente me levou à um lugar onde eu consigo me segurar e me manter.