3 de jul. de 2010

então quer dizer que

E sabe que ontem me ocorreu um troço curioso, tive até que parar pra rir comigo mesmo. Ontem fiquei com saudades de pensar. Tipo de coisa que não se sente, né. Mas eu senti. Uma verdadeira melancolia me atingiu quando eu percebi que não pensava a dias, ou talvez semanas! A ação calmante dos meus neurônios em atividade não forçada, ah uau, puro êxtase cara, puro êxtase. Me distraio muito facilmente, não concluo pensamentos, e isso é normal pra mim. Só que me parece que antes eu fazia algum esforço pra organizar tudo de um jeito deliciosamente pessoal e singular, e esse esforço parece ter sido sorrateiramente substituído pela inércia, que te leva, leva e te traz a ilusão de atalho, quando na verdade só te segura no ar, te deixa ali paradinho enquanto o resto das coisas se movem embaixo de ti.
O que eu senti falta mesmo foi de produzir qualquer coisa, nem que uma teoria mirabolante sobre a relação entre cadeiras de couro e lápis de cor, sei lá, sei lá, um bolo de maçã, sei lá.
Mas, é. Voltei pra casa, me acalmei (não que eu estivesse agitado, o mundo que estava), tomei um chá de erva-doce (que esfriou rápido demais) e sentei pra pensar. Continuo sentado. Escrevi quatro textos e um poema, mas nenhum deles me satisfez. Tentei pintar um quadro mas as cores não estavam como eu queria. Tentei fazer uma música mas nenhuma nota encaixava. Investi em todas as áreas de produção pessoal que eu conheço, mas todas as vias estavam entupidas, o que me causou um leve desespero, como um medo de ter destruído a minha já fraca habilidade de me organizar e me exteriorizar em qualquer nível. Daí eu sentei pra escrever sobre isso, e veja só.
A única conclusão que eu consigo chegar é que, se eu não tivesse parado de pensar, não teria sentido saudades, não teria tido uma crise para escrever sobre e não teria produzido / exteriorizado nada, sabe-se lá por quanto tempo.
Ah, uau.