14 de out. de 2012

what now?



Hm.
Costumava ser mais fácil escrever. Não sei por quê. Acho que tem alguma coisa a ver com eu ter meio que me acostumado com as coisas, ou só entendê-las de modo mais racional – o que nesse caso não é tão bom assim, quer dizer, não é bom porque me faz escrever menos, considerando que cuspir algumas palavras sempre me ajudou a ver o verdadeiro lado racional das coisas. É estranho, como eu tenho passado mais tempo sozinho, mesmo estando sempre com alguém ao meu lado – antes, quando acompanhado, eu e seja lá quem estivesse comigo, sempre estávamos em algum tipo de conexão, seja pelo momento compartilhado ou simplesmente por dividirmos aquele espaço no tempo por conta de uma escolha deliberada. Hoje estou sempre com alguém, mas em um nível muito mais superficial. Meu tempo de lazer se reduziu à metade e a compreensão dos fatores que levam a essa conclusão não me consola. Faz menos de um mês que comecei a trabalhar, e não me parece ser um mundo cheio de surpresas e aventuras. Sei lá. A real é que no fundo eu sinto que não tenho problemas em me adaptar à uma rotina desse tipo, o que é bom mas ao mesmo tempo me deriva a repulsiva ideia de me ver acomodado, recuado e com medo de sair da minha zona de conforto e segurança, nesse e em outros níveis. Por conta disso nasceu, ou melhor – cresceu e amadurece - uma tendência de revisitar os núcleos de origem dos meus valores mais fundamentais.  Na minha condição de homo-sentimentallis, tenho imenso orgulho da complexa simplicidade dos valores que vim a construir nesses recentes anos de crucial amadurecimento, processo que mais de uma vez me surpreendeu por compreender pequenas partes de mim em algo que me serve como mapa de ações e decisões - porém ao me ter como organizador leva sempre o benefício da dúvida. Enfim. Suturei meu futuro e agora quero esfolar o outro lado.
Completo 20 anos em menos de 1 hora e não tenho absolutamente nada a dizer sobre isso. Talvez seja isso que me incomode – a maneira como as coisas estão se tornando corriqueiras e os dias passam sem eu nem me dar conta, de banho em banho, como costumo dizer – durante esse ritual, executado todos os dias no mesmo local, da mesma maneira, à mesma luz, penso em como as coisas se tornam familiares. Numa tentativa orgulhosa de resgatar a singularidade de cada dia, rememoro tudo o que me fez chegar até ali, naquele momento, e confesso uma sensação ligeiramente desesperadora quando chego à mesma conclusão todos os dias – trabalho, almoço, faculdade, casa, banho, desespero, repeat.
No fundo a gente sempre acha que sabe, e talvez saiba mesmo. Se conseguíssemos ouvir o nosso primeiro instinto a respeito das decisões que tomamos, seríamos infinitamente mais felizes. Mas as coisas são interdependentes, e pra falar a verdade nem sei do que. Me sinto como se estivesse sendo voluntariamente sugado para dentro desse processo de industrialização de si mesmo, e isso me faz sentir um bosta em potencial.
Mas pra quem vê, até que eu superei as expectativas quanto a onde estaria aos 20 anos. Sou feliz, tenho tudo o que preciso, quase tudo o que quero e isso resulta em tédio. Talvez me falte ambição, talvez me falte capacidade em reconhecer minha situação privilegiada, talvez eu só seja imbecil. Sei que cansei de ter que procurar a beleza nas pequenas coisas, não tenho tempo pra viver de poesia.
Seja lá o que for... Deixa estar que tudo vaidapé.
Feliz aniversário,

Love
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2 de ago. de 2012

resolvo

Algo me diz que eu mudei muito nos últimos tempos. Não posso afirmar porque não registrei como o fazia antes, antes de a retina se acostumar com a claridade da vida ou qualquer merda do tipo. Ou quem sabe eu só gosto de acreditar nisso. O estranho mesmo é se acostumar a não estar constantemente angustiado pelos sentimentos do mundo e minha relação com isso tudo. Claro que eles ainda ocupam um espaço considerável na minha cabeça, mas sua participação no meu processo de pensamento não é mais tão significativa. Meu processo de pensamento... Mudou bastante, ficou mais concreto, me perco menos nos meus labirintos de relações inesperadas e supostamente aleatórias – algo que escrever me ajudava a superar, o que talvez justifique a minha ausência nesse campo. – mas agora (ou quem sabe agora pouco) comecei a reescrever as minhas certezas, duvidar de tudo. Eu não sei muito bem onde eu tou, por mais que saiba perfeitamente. Sei lá. Sei me virar bem em tudo o que me rodeia, e até que aprendi a lidar com o que me pertence. Não tenho nada pra reclamar – não por não o ter mas por não o considerar importante o suficiente para ser uma reclamação. Quero uma coisinha ali, outra aqui. Mas tirado isso não quero nada demais, o que também não sei se é certo. Foda-se.

19 de jan. de 2012

holy fuck

things have changed.