29 de dez. de 2009

the breaking point

Sempre me interessei muito por isso. Pelo momento máximo, pelo instante em que uma coisa chega ao seu extremo e está prestes a explodir. Gostava de assistir vídeos em câmera lenta de coisas quebrando, esticava um elástico só pra olhar de perto o momento em que ele arrebentava. Então percebi que o Breaking Point se estende também para pessoas. Mesmo a violência gratuita não é completamente gratuita. Quem nunca ficou entediado na escola e decidiu jogar algo no colega de sala? Isso acontece no momento em que o tédio não pode mais ser controlado por forças internas, e você precisa extravasá-lo de alguma maneira. O problema é quando o stress e a raiva precisam ser extravasados. Porque, humanos socialmente conscientes como somos, sabemos que não podemos sair por ai quebrando coisas, socando rostos e amaldiçoando os céus. Somos forçados a uma repressão emocional, que quando vê uma porta de saída corre por ela e, cegada pela luz, não vê o que vem depois.
Então, lembre sempre de encontrar, regularmente, um jeito eficaz de liberar tudo o que tem dentro de você. Entre num mosh-pit, compre um saco de pancadas, faça aulas de boxe, qualquer coisa que não deixe a raiva e o stress se acumularem até o Breaking Point. Pois uma vez lá, fica difícil voltar atrás.

22 de dez. de 2009

sobre o sentido do sem sentido

Tem horas em que o poder de harmonizar trazido pela simplicidade das coisas me chama a atenção.
É o jeito como tudo se encaixa logo após um jantar calmo em família, no qual se fala do dia de cada um de seus membros, de como a decoração de natal da Av. Paulista está encantadora e de como o cachorro do vizinho late demais. Algumas risadas, acusações irônicas e sobremesa com calda de chocolate.
Minha mãe vai dançar jazz, meus avós vão assistir a novela e eu venho fumar um cigarro, ouvir uma música e olhar o pôr-do-sol, que nunca é igual mas sempre faz sentido.
Lembro de como a casa estava tensa ontem, e de como essa tensão pesou mais depois do jantar quieto e desconfortável, no qual evitávamos nos olhar diretamente. Vim escrever na tentativa de entender o porque, mas acho que não tem que fazer sentido mesmo.
Estrutura familiar é uma coisa estranha e extremamente mutável, uma convivência diária que desgasta, e acho que não se pode esperar uma constância muito grande. Temos dias e dias, e nem todos são agradáveis, mas fica tudo bem depois do jantar, agradável, calmo e com sobremesa com calda de chocolate.

strip the gauze for a rational self-analysis

É o copo sujo, o cinzeiro cheio, o ventilador em potência máxima e o grito preso a meses dentro do peito. É a escolha de reação, é a manifestação dela, é a dor, o sangue e o curativo, misturado com a sensação de arrependimento por ser tão idiota.
Hora de mudar velhos hábitos, velhas escolhas as quais sou condicionada, como se estivessem em destaque no meu menu mental.
Estranho como a necessidade de mudança só é percebida quando as coisas passam do plano psicológico pro físico.

19 de dez. de 2009

motim

Meu deus, alguém me responde por que é que eu não sinto mais nada direito?
Sempre senti tudo ao extremo, me afundava quando poderia só boiar, voava descontroladamente quando poderia só planar, mas não mais. Eu não sinto mais nada, não sinto felicidade, não sinto tédio ou tristeza. Só de vez em quando, quando tenho sorte, me invade uma raiva intensa que eu levo até o fundo.
Daí você me aparece desse teu jeito lindo que me machuca demais, e isso eu sinto, e isso não me dá raiva, e isso me confunde. Confusão é um sentimento? Porque se for, ta tudo de volta ao normal, eu me afogando e você pulando na água pra me resgatar. Pena que dessa vez eu tou me afogando em você, e pena que nessa metáfora você não sabe nadar.

14 de dez. de 2009

sharing different heartbeats

One night to be confused
One night to speed up truth
We had a promise made
Four hands and then away

Both under influence
We had divine sense
To know what to say
Mind is a razorblade

To call for hands of above
To lean on
Wouldn't be good enough
For me, no

One night of magic rush
The start a simple touch
One night to push and scream
And then relief


Sinto falta de quando eu sentava no murinho, acendia teu cigarro, você deitava no meu colo e nossas mentes viajavam em sintonia. Projetos de gente, contanto no apoio um do outro pra construir as fundações da coisa complexa e, de certo modo, genial que nos tornamos hoje. Eu achava engraçado e não entendia direito quando os nossos olhares se encontravam, e preferia não fazer nada. Hoje em dia me arrependo da minha insegurança adolescente e você sabe muito bem disso. De vez em quando tento me redimir, mas ambos sabemos que aquela conexão estranha se fechou no dia em que não acabei aquela frase, que você sabia o final mas também não completou. Ficou só um oquefoiquevocêdisse no ar, sem resposta. Passei alguns bons dias e perdi umas boas horas de sono me perguntando porque, mas acho que não era pra acontecer mesmo. Com a gente foi sempre assim, o que rolava rolava, e o que não rolava tinha um bom motivo pra isso.
Será que hoje seria igual? Acho que não, tudo mudou, você mudou demais, e eu (prefiro acreditar que) nem tanto, mas saiba que te gosto muito, mesmo.
Mesmo.

22:22

Porra.
Eu, o silêncio e a música temos uma relação bem complicada. Preciso do silêncio pra ouvir música e não gosto do silêncio sem música.
Entende?

8 de dez. de 2009

leis da física

Seja lá quem foi que disse que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo, tem a minha gratidão. Porque ela esbarrou em mim, e não nos atravessamos. Foi pele na pele e ela parou, ela me olhou. Eu parei, olhei de volta até despertar aquela sensação chata de invasão de privacidade interna, sabe, quando o olho mira bem fundo no outro olho? Parecia que ela sabia exatamente o que eu pensava, e que ensaiava uma resposta para o texto tosco rapidamente elaborado pela situação de desconforto. ‘desculpa, você ta bem?’. ‘Tou bem. Você ta bem?’. ‘Tou sim.’ Sorriso, sorriso, desvio de olhares, toque leve no braço, arrepio. Chega mais perto. Adorei desvendar teu olhar. Nada como uma comunicação por ondas cerebrais bem-sucedida: tou ficando bom nisso. Ela chegou mais perto. Você.. tá com ela né? Ou com ela? Adorei tua boca, será que você quer uma bebida? ‘você quer uma bebida?’ ‘ah, não.’ ‘Ah, ok, legal.’ Mas esse jogo de olhares começava a me cansar. ‘olha, vem cá’. Minhas mãos no braço dela aumentaram a superfície de contato, diminuindo exponencialmente a capacidade de reação. Acho que foi por isso que ela chegou mais perto e imagino que também tenha sido por isso que ela cansou de esperar e fez o primeiro movimento.
Juro que algum dia aprendo a controlar os músculos.

2 de dez. de 2009

ausência.

E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.
- Vinicius de Moraes.


Para Mandy.

Consegui escrever sobre isso uma única vez, a exatamente um ano atrás. Depois disso me esforcei ao máximo para transformar todas as memórias em coisas boas, positivas, pra que eu só me lembrasse de você de um jeito bom. Acho que consegui, mas não sei como. Ainda é difícil pra mim, de verdade. Sempre que lembro de você tento pensar em qualquer outra coisa, num instinto puramente humano de correr na direção oposta à dor.
Acho estranho demais, muito, muito mesmo. Um ano, um ano cheio de acontecimentos dos quais você deveria ter feito parte, 365 dias sem ter passado um único em que eu não pensei em você. Sei lá. Esse é o tipo de coisa para qual não se tem pensamentos, imagine palavras, para explicar. Ainda dói e eu sei que vai doer por um tempo.
A sua ausência me cerca, cara, de um jeito estranho e complicado, mas do qual eu nunca quero me livrar..

1 de dez. de 2009

idiota

Tou afim de escrever, sei muito bem o que mas não sei como e nem se posso.
Não tou bem, faz tempo, mas esse é o tipo de coisa que necessita de um estopim pra ser percebida. Não entendi muito bem o que aconteceu hoje; foi um dia confuso, mas o inchaço ridículo nos ossos da minha mão direita indicam que alguma coisa ta muito errada.
Sabe quando se chega naquele ponto em que você não se importa com mais absolutamente nada? Tou vivendo por inércia, no contra-fluxo dos meus ideais e noções de como se deve viver.
Me sinto errado.