8 de dez. de 2009

leis da física

Seja lá quem foi que disse que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo, tem a minha gratidão. Porque ela esbarrou em mim, e não nos atravessamos. Foi pele na pele e ela parou, ela me olhou. Eu parei, olhei de volta até despertar aquela sensação chata de invasão de privacidade interna, sabe, quando o olho mira bem fundo no outro olho? Parecia que ela sabia exatamente o que eu pensava, e que ensaiava uma resposta para o texto tosco rapidamente elaborado pela situação de desconforto. ‘desculpa, você ta bem?’. ‘Tou bem. Você ta bem?’. ‘Tou sim.’ Sorriso, sorriso, desvio de olhares, toque leve no braço, arrepio. Chega mais perto. Adorei desvendar teu olhar. Nada como uma comunicação por ondas cerebrais bem-sucedida: tou ficando bom nisso. Ela chegou mais perto. Você.. tá com ela né? Ou com ela? Adorei tua boca, será que você quer uma bebida? ‘você quer uma bebida?’ ‘ah, não.’ ‘Ah, ok, legal.’ Mas esse jogo de olhares começava a me cansar. ‘olha, vem cá’. Minhas mãos no braço dela aumentaram a superfície de contato, diminuindo exponencialmente a capacidade de reação. Acho que foi por isso que ela chegou mais perto e imagino que também tenha sido por isso que ela cansou de esperar e fez o primeiro movimento.
Juro que algum dia aprendo a controlar os músculos.

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