15 de nov. de 2009

ponto ponto

Ponto
Contraponto.

‘Um. Dois. Três. Agora.’ E nada. Nada, cara, por que não? Já era a vigésima vez que contava até três, na tentativa de causar algum movimento, um espasmo muscular que fosse, algo que impulsionasse aquele corpo tenso, embriagado e jovem em direção ao outro de estado, imaginava, igual. Tudo incomodava, o tapete cinza, a fumaça branca no ar, a maldita música que não acabava nunca. ‘bom esse CD né? ‘é, um dos meus preferidos.’. silencio, de novo. Um, dois, três. Nada. Criança metida a gente grande, achando que manda no mundo quando nem mesmo o controle de seus próprios músculos dominou. Tentou lembrar de alguma história pra contar, algo que a fizesse rir, algo que a fizesse notar sua existência como algo além da simples existência. Nada, seguido pelo um, dois, três, e novamente pelo nada. Imaginava o que, meu deus, o que estava impedindo o impulso nervoso de chegar aos músculos. Tentou culpar o álcool, o fumo, a temperatura do quarto, o ar pesado, os planetas, até que percebeu que tudo isso não passava de uma simples e desnecessária tentativa de desviar sua mente da futura sensação de fracasso, que seria certa a não ser que fizesse o Agora valer. Um, dois, três. Até deixou escapar um ‘que se foda.’. E foi.

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