18 de out. de 2009

dez mais sete

Estilinho brasileiro, aquela bossa nova e aquele roquenrou, aquela viagem de adolescente mesmo.
Mesinha, cadeira, cerveja gelada e um maço de cigarros pela metade, as cinzas de seu antigo conteúdo espalhadas por ai. Conversa jogada fora, algumas dentro, algumas fora de hora, mas é assim que se segue o curso inconstante pra vida que me espera.
Dezessete anos, acredita? Tipo dez mais sete, lembra dos dez? Eu lembro de como a sala de casa era iluminada de um jeito diferente, talvez mais acolhedor. Ou quem sabe era só porque eu era menor e o mundo parecia tão grande. Mas lembro que não me assustava com isso. Muito pelo contrário, eu mal podia esperar pra cair nele. E agora tou aí, caindo no mundo, caindo na vida, com a mesma ansiedade de quando se é criança e se decide subir no trampolim mais alto da piscina do clube. Lembra da piscina do clube? Um bando de criança numa trama gigantesca pra conquistar o mundo que, mal sabíamos, acabaria sendo nosso por direito. Sensação louca aquela que bate no peito alguns milésimos de segundos depois que você decide pular. Talvez o tenha feito por pressão daqueles que estavam na fila me esperando, talvez não. Só sei que sentia medo, mas não o suficiente pra deixar alguém pegar a minha vez. ‘Subi até aqui e agora vou pular, mostrar pra todo mundo que o que eu quero, eu faço.’ Sensação louca mesmo. E agora cá estou, dezessete anos, me sentindo exatamente como me senti naquele dia. Dez mais sete, dezessete. Aprendi até a contar, veja só.

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