1 de out. de 2009

volta pra casa

O mesmo ônibus de sempre, o mesmo horário e as mesmas pessoas fazendo as mesmas coisas. Fácil de ignorar, e eu geralmente ignoro, mas hoje decidi reparar. Não interpretar ou supor, só reparar.
Teve o roxo que quase esbarrou com o roxo claro, mas depois seguiram em direções opostas enquanto eu fiquei no mesmo lugar. Transito, sempre; São Paulo.
Tiveram as crianças com olhares nem tão inocentes quanto se esperaria, não tanto crianças e sim projetos de gente grande imitando coisas que deveriam repudiar, mas eu fazia igual. É assim que se aprende a viver, acho. E pensando agora, faz pouco tempo que eu aprendi a viver, se é que aprendi. Bom, faz pouco tempo que eu entendi o que é viver, e sabe, é bem legal. Mas isso só se percebe depois de horas no transito da cidade colorida-acinzentada em dias de sol. Hoje tava nublado, mas meu bom humor criou espectros de cores bem legais de se observar. Minha volta pra casa, meu horário sagrado, organizador de pensamentos e comparável com uma boa noite de sono. São as duas partes do dia em que eu me permito a total e completa exclusão da sociedade – a ida pra aula e a volta pra casa. Sou só eu, meus fones de ouvido e meu passo rítmico acompanhando a música inconscientemente. Me faz bem, a solidão auto-induzida, e eu não gosto quando encontro alguém no ponto ou quando alguém decide conversar comigo durante essas horas, que talvez não sejam as melhores do dia, mas provavelmente as mais importantes - parte crucial do meu modelo de organização mental.

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